APNEIA DO SONO: CAUSAS, SINTOMAS, TRATAMENTO

BOA LEITURA.
PROGRAMA SAÚDE RESPIRATÓRIA – APNEIA DO SONO
Comissão
de Sono
Simone Chaves Fagondes
Geraldo
Lorenzi-Filho
Gleison M. Guimarães
Flávio
Magalhães
Marília Montenegro Cabral
Dormir
bem é essencial para o bom funcionamento do corpo. O sono é
responsável pelo descanso da mente, da musculatura, da respiração
e do coração. É durante o sono que são liberados hormônios que
interferem no metabolismo do corpo, tais como o hormônio do
crescimento e o hormônio da saciedade. Um sono de má qualidade tem
várias implicações para a saúde: aumenta sonolência diurna;
reduz memória, atenção e raciocínio, aumenta risco de acidentes
automobilísticos; reduz crescimento das cartilagens dos ossos e
produção de massa muscular; aumenta chance de ganho de peso e
depressão reduzindo portanto a qualidade de vida. São duas as
principais doenças responsáveis por um sono de má qualidade:
insônia e apneia obstrutiva do sono (apneia do sono).
O QUE É APNEIA DO SONO;
A Apneia do
Sono ou APNEIA (Síndrome da Apneia/ Hipopnéia do Sono) é
caracterizada pela ocorrência de episódios recorrentes de obstrução
parcial ou total das vias aéreas durante o sono.
A consequência destas obstruções é a redução
(hipopnéia) ou interrupção completa (apneia) do fluxo de ar apesar
da manutenção do esforço inspiratório.
Apneia
(do grego, a = prefixo de negação e pneia = respirar) designa a
suspensão voluntária ou involuntária da ventilação. Uma vez que
a respiração em nível celular continua ocorrendo enquanto houver
oferta de oxigênio suficiente nos pulmões, mesmo sem o contato com
o ar atmosférico, os seres pulmonados podem sobreviver em apneia
durante alguns minutos. Algumas baleias podem permanecer em apneia
por mais de 90 minutos, enquanto que os seres humanos, em média,
suportam cerca de 2 minutos. Alguns atletas especialistas conseguem
ultrapassar os 5 minutos, mantendo a lucidez.
O
mergulho em apneia ou mergulho livre é um esporte que abrange
diversas modalidades, as quais consistem basicamente em o atleta
permanecer o maior tempo submerso ou percorrer a maior distância ou
profundidade sob a água e sem o auxílio de equipamentos para a
respiração, ou seja, apenas com a reserva de ar de seus pulmões.
Pode ser praticado em piscinas, rios, lagos ou no mar.
Atualmente
o recorde mundial de apneia estática pertence à brasileira Karol
Meyer, que em 10 Julho 2009 se tornou o ser humano com o maior tempo
de apneia, com 18 minutos e 32 segundos sem respirar
Origem:
Wikipédia, a enciclopédia livre.
A
APNEIA é uma doença multifatorial. Ela pode ser causada pela
interação de fatores anatômicos individuais (tamanho das vias
aéreas) com outros fatores como hipotonia da musculatura do palato
durante o sono.
O que é apneia obstrutiva do sono?
A apneia do sono é uma condição clínica na quais obstruções repetitivas da garganta ocorrem durante o sono, gerando apneias (pausas respiratórias de no mínimo 10 segundos) e ou hipopneias recorrentes (quase apneias).
Na maioria dos casos de apneia obstrutiva do sono, o ar para de fluir para os pulmões devido a uma obstrução na via respiratória superior, isto é, no nariz ou na garganta.
A nossa garganta é estreita e quando dormimos relaxamos a musculatura, há a queda da língua e deslocamento posterior da mandíbula e, portanto obstrução da garganta impedindo a passagem do ar (apneia). Para que o indivíduo possa sair da apneia ele precisa despertar e com isso a musculatura da garganta retoma a força que mantém a garganta aberta até que o sono reaparece e a garganta volta a fechar e este ciclo se repete dezenas a centenas de vezes ao longo da noite. Para cada apneia existe um despertar, o sono profundo e reparador não ocorre, o sono é de de má qualidade e a sonolência diurna é grande promovendo graves implicações para a saúde.
A apneia obstrutiva do sono é o tipo mais comum de apneia do sono, constituindo 84% dos diagnósticos de apneia do sono.
Essa doença é frequente?
A apneia do sono é uma grave problema de saúde pública e os dados de prevalência desta doença são alarmantes. Em estudo na cidade de São Paulo, 26% dos motoristas de caminhão tinham alto risco de ter apneia do sono e a maioria admitiu que já tinha cochilado no volante. Em outro estudo também na cidade de São Paulo, 32,8% da população geral tinha apneia do sono. Em populações de risco para apneia do sono, tais como, populações de obesos e de hipertensão arterial a prevalência de apneia do sono pode ser ainda maior. Portanto, apneia da sono é uma doença muito frequente embora uma grande parte dos indivíduos que a possuem permanece sem o diagnóstico. O conhecimento dos sintomas da doença facilita a reconhecimento da mesma e a procura para diagnóstico e tratamento.
SINTOMAS:
O paciente com ronco ou apneia do sono pode não perceber o problema. Muitos pacientes são conduzidos ao especialista pelo cônjuge ou por pessoas que convivem com ele e percebem o problema.
Alguns sinais e sintomas comuns são:
Os sinais e sintomas mais comuns da apneia do sono são roncos, apneias testemunhadas e sonolência excessiva diurna. Nos indivíduos com doenças do coração e hipertensão arterial a busca ativa dos sintomas deve ser realizada. Alguns fatores são de risco para apneia do sono: obesidade, língua grande, amígdalas e úvula grandes, palato redundante, queixo pequeno, grande circunferência do pescoço (sexo masculino > 42,5 cm e feminino > 37,5 cm), sexo masculino e síndromes genéticas com deformidades craniofaciais evidentes.
Ronco: respiração ruidosa ou barulhenta durante o sono
Sono não reparador, ou seja, o paciente já acorda com a sensação de cansaço ou de que não dormiu suficientemente bem despertar noturno frequente
Paradas momentâneas da respiração durante o sono presenciadas pelo cônjuge ou outros familiares
Distúrbios cognitivos como: dificuldade de memória, concentração e atenção
Irritabilidade
Fadiga
Nictúria, ou seja, o paciente desperta várias vezes durante a noite para urinar sem que haja um problema de ordem urológica
Cefaleia(dor de cabeça) matinal, estes pacientes muitas vezes já acordam com dor de cabeça
Sonolência Diurna Excessiva: é um sintoma muito importante e frequente em pacientes com apneia.
CONSEQÜÊNCIAS DA APNEIA NÃO TRATADA
Já está bem documentado na literatura médica que a apneia do sono pode causar vários problemas à saúde.
Entre os problemas mais bem documentados estão os listados abaixo:
Maior risco de acidentes de trânsito e de trabalho: Vários estudos demonstram que o número de acidentes de trânsito em pacientes com APNEIA é 2 à 3 vezes superior em relação à população normal.
Acidentes ocorrem com maior frequência nestes pacientes porque eles tendem a apresentar maior tendência para “cochilos” involuntários durante o dia.
Hipertensão Arterial Sistêmica: A APNEIA é um fator de risco independente para o desenvolvimento de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) ou seja, pacientes com APNEIA podem desenvolver HAS mesmo que não tenham outros fatores de risco.
Arritmias cardíacas: Arritmias cardíacas que ocorrem exclusivamente durante o sono são comuns nos pacientes com APNEIA. Alterações como bradicardia sinusal, bloqueio atrioventricular, extrassístoles ventriculares isoladas e bigeminadas também foram descritas.
Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e Acidente Vascular Cerebral (AVC) : Alguns estudos apontam para risco aumentados destas doenças em portadores de APNEIA
Distúrbios Cognitivos: Portadores de APNEIA podem apresentar prejuízo nas funções cognitivas como dificuldade de memória, dificuldade de concentração e deficit de Atenção.
As alterações acima podem ser reversíveis ou melhorar com o tratamento da APNEIA.
DIAGNÓSTICO:
Durante
o exame clinico médico / odontológico / fonoaudiológico
especializado em Estudos do Distúrbios do Sono, evidenciam-se
alterações na orofaringe, como volume da língua, tamanho das
tonsilas palatinas e tamanho da úvula. Nas figuras do lado, podemos
verificar o índice de Mallampati modificado (evidenciando alteração
de tecidos moles, principalmente da língua).
Alguns fatores
contribuem para o aparecimento do ronco: amídalas e adenóides muito
grandes, tumores, desvio de septo, hipertrofia dos cornetos, pólipos
nasais, etc. Diversas patologias provocam a obstrução crônica do
nariz e a pessoa respira pela boca. Mesmo obstruções menores podem
obrigá-la a respirar por essa via alternada, o que sempre representa
alternativa ruim.
O diagnóstico da apneia do sono é baseado na história clínica, exame físico e teste de registro do sono. O padrão ouro para o diagnóstico da APNEIA é o exame de polissonografia.
Os indivíduos com sintomas característicos da doença e fatores de risco devem ser submetidos ao teste de registro de sono (polissonografia) para o diagnóstico definitivo da doença.
O estudo polissonográfico de noite inteira, realizado no laboratório do sono sob supervisão de um técnico habilitado, constitui o método diagnóstico padrão da apneia do sono. O somatório das apneias e hipopneias por hora de sono fornece o índice de apneia-hipopneia (IAH). A gravidade da apneia é determinada pelo IAH, grau leve: 5 < IAH < 15/hora; grau moderado: 15 < IAH < 30/hora, grau acentuado: IAH > 30/hora.
A apneia do sono só pode ser diagnosticada através de um exame polissonografia. Este exame evoluiu muito e hoje em dia existem boas opções de aparelhos para realizar em domicílio. Porém, como alguns episódios de apneia não são detectados pelo exame domiciliar, o médico pode solicitar o exame em um laboratório de sono.A polissonografia vai fornecer informações fundamentais para o diagnóstico correto do problema como:
- Confirmar
ou não a hipótese clínica de APNEIA;
- Indicar
a existência ou não de outros problemas associados (por exemplo,
presença de apneia central ou outros distúrbios);
- Avaliar
o índice de apneia e hipopnéia (quantidade de ocorrências por
hora);
- Avaliar
a dessaturação da oxi-hemoglobima (o quanto o oxigênio reduz no
sangue durante as apneias;
- Avaliar
a presença e frequência dos microdespertares (quantas
vezes o paciente acorda durante a noite, muitas vezes sem perceber);
- Avaliar
as porcentagens dos estágios do sono;
- Avaliar
o eletrocardiograma durante o sono;
- Avaliar
o ronco (frequência e intensidade);
- Avaliar
a posição corporal onde os episódios são mais
frequentes.
TRATAMENTO
O objetivo do tratamento da apneia do sono é manter a abertura da garganta e, portanto prevenir: apneia, queda da oxigenação do sangue, aumento da pressão arterial e aumento da descarga de adrenalina além de, promover melhora na sonolência diurna e qualidade de vida. O tratamento da apneia do sono é selecionado baseada em vários fatores, tais como: IAH definido pela polissonografia, grau de queda da oxigenação do sangue e presença de outras doenças associadas, especialmente as doenças do coração.
As modificações de fatores de risco devem ser adotadas a todos os portadores de apneia do sono embora não constituem, na maioria das vezes, a única modalidade de tratamento: Evitar o consumo de álcool e sedativos, perder peso, dormir em decúbito lateral (a posição barriga para cima aumenta a chance de apneia) e com a cabeceira elevada. Podem ser a única modalidade de tratamento para casos de apneia leve. O uso de aparelhos intraorais para aumentar a passagem de ar pela garganta e o tratamento de fonoaudiologia para fortalecimento da musculatura que mantém a garganta aberta também podem ser utilizados para tratamento da apneia leve e em casos selecionados de apneia moderada.
Para apneia moderada a acentuada o uso de gerador de pressão positiva contínua na via aérea (CPAP) durante o período do sono é o tratamento de escolha. O CPAP promove um bombeamento de ar que impede o fechamento da garganta com consequente apneia e suas consequências deletérias descritas anteriormente.
As cirurgias para o tratamento da apneia do sono são precedimentos de exceção, apenas indicadas em casos selecionados.
Há inúmeros centros de saúde distribuídos pelo país que fazem o diagnóstico e tratamento da apneia do sono bem como há centros de saúde na rede pública em algumas capitais que disponibilizam o tratamento para apneia grave de forma gratuita.
Portanto, a apneia do sono é uma doença muito frequente, reduz qualidade de vida, tem impacto negativo para o coração e o seu tratamento é eficaz. Um busca ativa dos sintomas desta doença deve ser feita para que um maior número de portadores de apneia recebam o diagnóstico e tratamento.
Uma ótima solução natural para apneia é dormir de lado. No entanto, outras soluções naturais e simples para apneia do sono podem ser implementadas, como:
Colocar uma bola de tênis presa no pijama, na altura das costas, para obrigar o indivíduo a manter uma posição lateral durante o sono, principalmente para quem não consegue manter a posição de lado durante a noite;
Não tomar remédios para dormir, pois a maioria agrava a apneia;
Descongestionante nasal. Utilizar um descongestionante nasal pode ser útil na redução do ronco e também da apneia do sono;
Perder peso.
Na apneia do sono as vias aéreas ficam obstruídas, originando pausas respiratórias de no mínimo 10 segundos, pois enquanto o indivíduo dorme, os músculos que mantêm as vias aéreas abertas relaxam
De maneira geral, dormir de lado favorece a respiração nasal. Quando o indivíduo deita de barriga para cima, a tendência é abrir um pouco a cavidade oral e a mandíbula desloca-se para baixo e para trás, pressionando a faringe, e a língua cai de lado. Isso facilita a ocorrência do ronco. Algumas pessoas têm, ainda, o queixo projetado um pouco para trás, o que faz recuar também a base da língua.
O tratamento da APNEIA deve ser planejado de acordo com as necessidades individuais de cada paciente e de acordo com o grau de apneia.
Em geral, o tratamento da APNEIA envolve a adoção de medidas clínicas simples aliadas ao uso de dispositivos ou aparelhos que visam facilitar o fluxo do ar pela via aérea como os aparelhos intraorais e os aparelhos de pressão positiva para via aérea superior (CPAP e BIPAP).
Medidas clínicas:
Suspender o consumo de álcool e cigarro e o uso de drogas como benzodiazepínicos, barbitúricos e narcóticos (sempre sob orientação médica). Entre outros fatores, estas substâncias relaxam a musculatura do palato e pioram a apneia
Evitar dormir na posição em que a apneia aparece ou piora (geralmente a pior posição é a de decúbito dorsal, ou seja, de barriga para cima)
Emagrecer: Alguns estudos demonstraram que a perda de peso pode melhorar os índices de apneia e hipopnéia.
Exercícios de fisioterapia para fortalecimento da musculatura da garganta
Se existirem problemas otorrinolaringológicos que possam colaborar com a piora da apneia como hipertrofia das conchas nasais, desvios septais, alergias (rinites), deformidades, pólipos, tumores, hipertrofia adenoamigdaliana, deverão ser tratados.

Aparelho Intraoral:
Na apneia do sono de grau leve ou no ronco, o tratamento pode ser feito com o uso de aparelhos intraorais.
Estes aparelhos são usados apenas durante o sono e são construídos de modo a posicionar a mandíbula mais para a frente, possibilitando que a passagem do ar na garganta fique desobstruída.
As principais limitações para o uso do aparelho intraoral são:
a- Pessoas que têm poucos dentes, usam próteses dentárias extensas e problemas periodontais severos e sem controle. Estas pessoas têm grande dificuldade de reter o aparelho na boca.
B- Quando o paciente tem distúrbio da ATM (articulação têmporo mandibular) grave, com dor ou estalos no local, o uso do aparelho pode levar a uma piora da disfunção.
c- Pessoas muito obesas ou com apneia grave. Nestes casos apenas o uso do aparelho intraoral não resolve, os resultados são melhores com o uso de outro tipo de aparelho, o CPAP, do qual falaremos logo abaixo.
d- apneia central
Se houver indicação de uso de aparelho intraoral, deve ser feita uma avaliação com dentista onde são verificados as condições da arcada dentária, tipo de mordida, etc.
APARELHOS DE PRESSÃO POSITIVA PARA VIA AÉREA SUPERIOR (CPAP E BIPAP)
Na apneia do sono de grau moderado ou severo, o mais recomendado é o tratamento com outro tipo de aparelho, denominado de CPAP.
O CPAP é um pequeno aparelho que vem conectado com um tubo flexível, que, por sua vez, conecta-se a uma máscara nasal ou nasobucal que é ajustada à face por meio de tiras elásticas.
Este aparelho gera um fluxo de ar contínuo, aplicando uma pressão positiva sobre os tecidos da garganta, não permitindo que eles desabem e portanto, permitindo que o ar passe livremente pela faringe.
Na expiração, o gás carbônico exalado é drenado por meio de aberturas presentes na máscara.
Em cada paciente é necessário determinar individualmente o nível de pressão mais adequado para resolver a apneia do sono. Para saber o nível de pressão adequado é necessário submeter-se a uma polissonografia para titulação pressórica de CPAP.
O nível pressórico do CPAP varia de 4 a 20 cm H20. Sempre consideramos o mínimo necessário para abolir roncos, apneia, hipopnéias e dessaturações(queda do nível de oxigênio no sangue) da oxi-hemoglobina, assim como os microdespertares.
Existe o CPAP, denominado automático ou “inteligente” que teoricamente conseguiria regular a pressão automática e instantaneamente durante a noite.
Neste aparelho (mais caro que o CPAP regulado manualmente) existem sensores que reconhecem os fenômenos respiratórios (quando há apneia e hipopnéia) e os corrigem. Consideramos que mesmos pacientes que adquirem este tipo mais sofisticado de CPAP deveriam se submeter pelo menos a uma titulação pressória feita no laboratório de sono, para evitar problemas de ajuste pressórico.
Alguns pacientes como os portadores de doenças neuromusculares, obesidade mórbida e doenças pulmonares como DPOC(Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica)podem precisar de um outro tipo de aparelho chamado BIPAP.
O BIPAP fornece pressões diferenciadas, podendo a pressão inspiratória ser regulada independentemente da expiratória.
Pressão inspiratória é maior que a pressão expiratória, proporcionando um conforto maior para aqueles pacientes que necessitam de uma pressão mais Elevada.

O que posso ter se não tratar?
A
apneia do sono além de ser responsável por sono de má qualidade e
sonolência diurna, promove múltiplos efeitos deletérios sobre o
coração. Quando a apneia ocorre há queda da oxigenação do
sangue; aumento do batimento cardíaco e pressão arterial; o
despertar que surge após a apneia promove a desobstrução da
garganta com retorno da oxigenação para nível normal. As quedas e
retomadas súbitas da oxigenação do sangue dezenas a centenas de
vezes ao longo da noite são os principais gatilhos para o
desenvolvimento das doenças do coração e vasos (aterosclerose,
crescimento do coração, hipertensão arterial). Portanto, pulsos de
adrenalina são jogados na circulação do corpo ao longo da noite. O
indivíduo está em maratona durante o sono quando deveria
descansar. Inúmeros são os estudos relacionando a apneia do sono
como causa de aterosclerose podendo levar a hipertensão arterial,
infarto agudo do miocárdio e derrame cerebral. Em indivíduos já em
tratamento de doenças do coração e hipertensão arterial a apneia
do sono não tratada pode contribuir para a piora da função do
coração e aumentar o risco de morte.
A via respiratória superior pode ficar obstruída pelos seguintes motivos:
Os músculos relaxam durante o sono, obstruindo a passagem de ar*
O peso do seu pescoço estreita as vias respiratórias
Amígdalas inflamadas ou outros motivos temporários
Razões estruturais, tais como a forma do nariz, do pescoço ou da mandíbula
* O estreitamento da via respiratória provoca uma vibração na garganta que gera o ruído do ronco.
Apneia central do sono (ACS)
A apneia central do sono (ACS) é o tipo menos prevalente de apneia do sono,1 e pode ser causada por insuficiência cardíaca ou uma doença ou lesão que envolva o cérebro, tais como:
- AVC
- Tumor cerebral
- Infecção viral
no cérebro
- Doença respiratória
crônica
Em alguns casos, a via respiratória está de fato aberta, porém o ar para de flui para os pulmões porque nenhum esforço é feito para respirar. Isso ocorre basicamente porque a comunicação entre o cérebro e o corpo foi perdida, interrompendo a ação automática de respiração.
As pessoas com ACS não costumam roncar, por isso, certas vezes, a doença passa despercebida.
Apneia mista do sono
Esta é uma mistura da AOS (quando existe uma obstrução da via respiratória superior) com a ACS (quando não há esforço respiratório), e é o tipo menos comum de apneia do sono. Seu médico poderá ajudá-lo a entender mais sobre isso, se for o caso.
Se você tiver alguma suspeita de que tem algum tipo de apneia do sono, consulte o seu médico
Causas
Sabemos que a apneia tem várias causas que atuam em conjunto. As principais são causas anatômicas, genéticas e obesidade.
Os fatores anatômicos mais comuns são:
Aumento de amígdalas e adenoide
Obstrução nasal (por desvio septal, rinite e pólipos nasais)
Desproporções da face (queixo posicionado para trás que leva a base da língua na direção da garganta).
Em crianças, a apneia está muito relacionada com hipertrofia de adenoide e amígdalas.
Quando ocorre enquanto o paciente dorme, a apneia é chamada de apneia obstrutiva do sono. Nesse caso a genética é um fator determinante e vários estudos científicos reforçam esta hipótese, o que explicaria o fato de vários indivíduos de uma família sofrerem da doença.
Já o ganho de peso leva ao acúmulo de gordura no pescoço, no tórax e no abdome, reduzindo ainda mais a passagem de ar e dificultando também a expansão do tórax durante a respiração.
Algumas condições como refluxo gastroesofágico, álcool e cigarro agravam o distúrbio. Alguns medicamentos usados para iniciar o sono, como benzodiazepínicos e relaxantes musculares também favorecem as apneias.
Outras condições que comumente causam apneia são:
- Asma
e doenças pulmonares no geral
- Encefalite
- Meningite
- Pneumonia
- Convulsões
- Parada
cardíaca
- Sufocamento
- Overdose
- Arritmia
cardíaca
- AVC
e outras desordens neurológicas.
Existem causas mais raras da doença, como distúrbios metabólicos ou hormonais. Como exemplo temos a acromegalia, que é uma doença causada pela produção exagerada do hormônio do crescimento. Este hormônio em excesso leva a um crescimento desproporcional da face com estreitamento da via respiratória.
Fatores de risco
Obesidade: é importante frisar que este é um fator de risco muito importante e reversível!
Circunferência do pescoço aumentada: em geral está associada a uma via aérea mais estreita. Pode ser por excesso de peso ou uma característica da pessoa
Gênero: os hormônios sexuais masculinos parecem favorecer as apneias. A diferença entre os gêneros parece ser menor em mulheres acima do peso e após a menopausa
História familiar
Idade avançada
Tabagismo
Ingestão excessiva de álcool
Uso de medicamentos tranquilizantes
Má respiração nasal, que pode ocorrer devido a doenças respiratórias.
diagnóstico e exames
Buscando ajuda médica
A partir do momento que o sono do parceiro está sendo prejudicado e o indivíduo começa a ter repercussões nas suas atividades rotineiras, existe a necessidade de procurar um especialista. Hipertensão arterial que não é bem controlada com medicações e arritmias detectadas no período do sono são sugestivas e merecem avaliação.
10 Coisas que Você Precisa Saber Sobre Apneia do Sono
Para contribuir com uma noite de sono mais saudável, o site da SBEM publica as 10 coisas que você precisa saber sobre Apneia do Sono. Confira:
1. A apneia do sono, o Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), é uma doença crônica, evolutiva caracterizado pela obstrução parcial ou total das vias, causando paradas repetidas e temporárias da respiração enquanto a pessoa dorme. A respiração cessa porque as vias aéreas colapsam, impedindo que o ar chegue até os pulmões.
2. Entende-se por apneia a interrupção completa do fluxo de ar através do nariz ou da boca por um período de pelo menos 10 segundos nos adultos. Já a hipopneia é a redução de 30% a 50% do fluxo de ar.
3. A apneia pode ocorrer por vários fatores: os músculos da garganta e língua relaxam mais do que o normal, as amídalas e adenoides são grandes, a pessoa está acima do peso (o excesso de tecido mole na garganta dificulta mantê-la aberta), ou o formato da cabeça e pescoço resulta em menor espaço para passagem de ar na boca e garganta.}
4. Entre os principais sintomas da apneia estão ronco e sonolência, ofegante, com dor no peito ou desconforto, confuso ou com dor de cabeça; sentir boca seca ou dor de garganta pela manhã; alterações na personalidade; dificuldade de concentração; impotência sexual; e irritabilidade.
6. A apneia do sono aumenta a probabilidade do paciente desenvolver doenças potencialmente letais. Está associada ao aumento do risco de hipertensão, insuficiência e arritmia cardíacas, derrame e diabetes.
7. A apneia obstrutiva do sono (SAOS) acomete aproximadamente 30% da população adulta mundial. A maior parte dos pacientes, entre 85% e 90%, convive com a doença sem receber o diagnóstico e continua sem tratamento.
8. Nem todo mundo que ronca tem apneia do sono, sendo que ele é apenas um dos sintomas da doença. O diagnóstico médico é feito por meio de um exame chamado de polis sonografia, que é o monitoramento do sono por equipamentos eletrônicos. O exame clínico é indicado para que seja avaliada a condição do trato respiratório do paciente e deve ser feito por um médico com especialização na área.
9. Mudanças nos hábitos de vida podem contribuir muito com a melhora da apneia do sono. Perder peso, evitar o consumo de bebidas alcoólicas, dormir de lado, evitar consumo de comidas pesadas antes de dormir, evitar o fumo 4 horas antes de deitar e elevar a cabeceira da cama entre 15 cm e 20 cm são algumas medidas simples que podem evitar problemas futuros.
10. A apneia é um problema médico grave, com probabilidade de alterar a vida da pessoa e que pode contribuir para certos transtornos que podem colocar a vida em perigo, mas, que por sua vez, pode ser identificada facilmente e tratada efetivamente. Com o tratamento, a respiração adquire um ritmo regular, os roncos cessam, um sono tranquilo é estabelecido e a qualidade de vida melhora.
